segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Como o trabalho do trio é todo no centro da cidade, o maior volume de lixo, segundo eles, é de papéis de propaganda que são jogados na rua todo dia. A parte mais dura do trabalho é na rua 14 de Julho entre a Afonso Pena e a Cândido Mariano. E a única pausa para descanso é por volta das nove e meia da noite, quando os três se juntam a outros varredores para jantar na Afonso Pena em frente à praça Ary Coelho.
Cícero, sotaque pernambucano, conta tudo isso com um sorriso cansado e olhos tristes. Com ar de inconformismo, ele deixa clara a insatisfação com o salário: “A gente trabalha muito e ganha muito pouco, mais ou menos 19 reais por dia.”
Os varredores trabalham cerca de nove horas diárias de segunda a sábado, são registrados e têm direitos assegurados, como aposentadoria, décimo terceiro salário e férias. Mas não têm plano de saúde.
Assim como Cícero, João e Manuel também vieram de outras cidades e como garis sustentam suas famílias. A falta de escolaridade os envergonha. Cícero parou no primeiro ano do ensino médio, João Fernandes na quinta série e Manuel, na sexta.
No sábado frio em que os encontramos a equipe trabalhava sem casaco. Dois deles estavam usando roupas laranjas com tarjas luminosas e o outro estava só de camiseta, sem uniforme adequado.
O tempo fechado não os incomoda, pelo contrário: a chuva faz com que as ruas fiquem um pouco mais limpas antes de começar o trabalho. “São Pedro nos ajudou e hoje diminuiu o trabalho da gente, porque a chuva arrasta o lixo para os bueiros.”
Porém, o lixo acumulado nos bueiros provoca enchentes nos dias em que chove mais. “Se as pessoas fossem mais educadas e jogassem lixo na lixeira talvez essas enchentes diminuíssem”, diz Cícero.

Um comentário:

  1. Admiro esses trabalhadores, no entanto sou fã do filme/animação Wall.E onde eu o vejo da mesmo forma...são de uma cultura incrivel, e sempre nos ensina algo...

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